Paulo Marreco - No Rancho do Chinaredo
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ATIREI ÁGUA MEIO POR CIMA DO COURO
RESPEITO O CHORO, MAS GOSTO MAIS DA FOLIA
BOTEI A PILCHA DAS FESTANÇAS DE DOMINGO
MONTEI NO PINGO E FUI PRA CASA DAS GURIAS
NESSE “INFERNINHO” QUE ENCANTA QUALQUER CHINEIRO
SEI QUE O GAITEIRO NÃO PARA NEM PRA MIJAR
ATEI MEU MORO NUM PALANQUE DA PORTEIRA
E UMA VANERA ME CONVIDOU PRA CHEGAR

Quando me chego no rancho do chinaredo
Eu me transformo no cuiúdo da manada
Danço e aperto, vou retoçando sem medo
Tendo dinheiro, não falta namorada

CHEGUEI NA PORTA ONDE TAVA UM MELENUDO
QUE CARRANCUDO, ME PEDIU AS FERRAMENTAS
QUADREI O CORPO E LEVEI A MÃO NA GUAIACA
SÓ TINHA A FACA DE TIRAR PELO DAS VENTAS
OLHEI PRUM CANTO E DEI UM GRITO PRO GAITEIRO
TOCA LIGEIRO UMA DAQUELAS BEM BOA
OMBREEI O PALA PRA NÃO TRANÇAR NAS ROSETA
METI PALETA NUM TRANCÃO DOS MAIS À TOA

Quando me chego no rancho do chinaredo
Eu me transformo no cuiúdo da manada
Danço e aperto, vou retoçando sem medo
Tendo dinheiro, não falta namorada

LA PELAS TANTAS JÁ TAVA O NAMORO ATADO
PEDI UM FIADO DE CANHA PARA ME ESQUENTÁ
OLHEI NA FRESTA PRA VER LÁ FORA MEU POTRO
NÃO TENHO OUTRO QUE POSSA ME CARREGÁ
FICOU MEU TROCOS NA CAIXA DO BOLICHEIRO
MAS TÔ FACEIRO, EMPONCHADO DE CARINHO
LEVEI PRO RANCHO A PINGUANCHA NOS ARREIOS
NEM BOTEI FREIO, QUE O MOURO SABE O CAMINHO