Alex Moreira - Moreira
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Ali naquela tapera
bem na costa do arroio
antes se ouvia o aboio
da noite clara da aguada
Agora me volta aos olhos
as águas desta barranca
onde um dia fui criança
a correr nestas estradas

Sou filho da costa grande
onde meu pai um dia
fez cerne pra sua família
na paisagem abençoada
Correr gado e pescaria
faziam do dia-a-dia
uma eterna campereada

O que hoje me entristece
é ver meu neto brincando
longe desses encantos
sem viver destas lembranças
O arroio lá permanece
mas aqui dentro envelhece
os meus tempos de criança

A natureza não leva
a essência deste lugar
Lá continua a morar
sonhos de antigos campeiros
É o meu cantar primeiro
que transborda de alma inteira
Quando volto ao Moreira
sinto que ainda é o meu lar

Foi cenário de labuta
que o campo nos propunha
quis o destino que a alcunha
fosse a mesma da família
Nos ensinou os valores
respeito e sabedoria
na pesca no dia-a-dia
a alegria da partilha

Foi assim o meu passado
que pra alguns segue presente
abençoada essa gente
por Graça e Santa Izabel
Que mantém sua esperança
e também minha lembrança
que quase ficou ao léu

Contei histórias pra o filho
que hoje transmite ao neto
já saudoso eu não nego
tranquilo fico ao pensar
Que nem mesmo a estiagem
deu fim a esta paisagem
arroio que é o meu lugar